Na Bolsa são negociadas partes societárias de um tipo bem específico de empresa, as empresas de capital aberto. São Sociedades Anônimas (SA) que se aderem a certos critérios e aceitam qualquer um como sócio.
Podemos imaginar que as empresas são abertas por dois motivos. Primeiro abertas em relação ao sócio: qualquer um o pode ser. Segundo, abertas em relação às informações internas: estão disponíveis ao público. Estas duas características estão vinculadas. Qualquer um pode ser sócio, qualquer sócio vai querer ver os números e os indicadores, assim, todos têm de ter acesso às informações da empresa. Qualquer cidadão, mesmo que nunca tenha investido em ações, é um candidato potencial a sócio, portanto tem o direito de ter acesso aos números da empresa.
A rigor o motivo é o primeiro, o capital da empresa é aberto, mas gosto de confundir os dois significados do termo “aberto”.
De fato, essas empresas são aquelas que atingem o maior grau de institucionalidade, pois é o mais próximo que uma empresa pode chegar para ser de todos, ser de qualquer um. Mais do que uma empresa pública, no meu modo de ver.
É como se a empresa deixasse de ser de uma ou outra pessoa, família ou grupo e passasse a ser, potencialmente, de qualquer um. Claro que há ressalvas a serem feitas aqui, como grupos controladores e free float, mas vamos deixar isso de lado por agora. Quanto mais a economia for crescendo e a sociedade for ficando madura, mais isso se aproximará do ideal. Uma empresa é de todos, um bem da nação, ou da sociedade.
Como disse Lírio Parisotto:
“Investir na Bolsa em uma empresa sem precisar criá-la é um privilégio”.
Ora, se você considerar que pode esperar a empresa começar a dar lucro, mostrar os sinais de saúde financeira e só depois entrar no barco, essa frase faz bastante sentido. Ela é interessante, também, porque ressalta a compra de ações como a entrada em uma sociedade, que é a forma original de ver. Essa é a essência da compra de ações.
É claro que você não vai mais ganhar tanto quanto ganharia se tivesse entrado cedo, nada vem de graça. Essa é uma das tantas formas que o mercado apresenta a relação risco-retorno. Você pode escolher a relação risco-retorno, mas dificilmente irá evitá-la ou contorná-la.
Investir em empresas é assumir uma certa dose de risco. Você tem de controlar o nível de risco. Há muitas formas de fazê-lo, vou antecipar duas: controlando a quantidade de dinheiro investido e escolhendo as empresas que você quer ser sócio. Isso é muito importante e muito sério. Comprar e vender é muito rápido, mas a escolha não pode ser precipitada.
Nosso próximo passo é entender um pouco mais sobre o mercado.