Erros Comuns dos Iniciantes

Durante os últimos anos temos acompanhado os novos investidores e percebemos que uma maioria percorre um caminho comum. Mesmo quando começa bem, o investidor é desvido do caminho correto com muita frequência.

Vale ressaltar que ao se falar correto não significa que em algum momento sua posição tenha perdas. Todo investidor as terá. As oscilações são da natureza do mercado e você passará por momentos de altos e baixos. Provavelmente serão as ações corretas tomadas na baixa que farão a diferença no longo prazo – num mercado de alta todos ganham.

Vamos ver os erros mais comuns ao entrar no mercado. Estamos comentado pensando em um perfil de investidor, ou seja, alguém que utilizará a Bolsa para formar um patrimônio e não tem uma data específica para retirá-lo. Há um perfil de trader, de prazos mais curtos – comentaremos a respeito no final.

1. Entrar com um volume muito grande de vez

A pessoa decide investir e traz um volume que decidiu dedicar à compra de ações e quer comprar tudo de uma vez. Esso comportamente tem duas vertentes.

Na vertente pura, o investidor traz um volume grande e para fazer a compra de forma bem concentrada. Na vertente pseudo-cautelosa, o investidor começa com cuidado, mas após algum tempo, acha que entendeu o mecanismo de funcionamento do mercado e, agora sim, traz um volume e faz uma compra concentrada.

Períodos de longa alta, como 2002 a maio de 2008 formam uma armadilha. As pessoas se acostumam com um comportamente e acreditam que só aquele comportamento é o que existira. Pela falsa sensação de segurança, aumentam a posição – inclusive se alavancando – e acabam tendo uma surpresa desagradável e forte em um momento de mudança de comportamento.

 

2. Desconhecer o que está comprando

Mesmo para operações de curto prazo, é saudável saber o que você está comprando. Não se trata apenas de comprar boas empresas, mas de comprar ações. Há uma série de outros títulos que são negociados na Bolsa e não são ações. Pior, muitos têm prazos de validade, ou seja, depois de certa data não terão mais valor.

Compras autônomas feitas por iniciantes pela Internet (Home Broker) trazem, de tempo em tempo, alguém que compra um direito de subscrição no lugar da ação. Algumas vezes não há recuperação, caso o mercado caia e permaneça baixo até o vencimento.
Assim, evite comprar sem saber o que é.

Essa regra é tão mais importante quanto maior o prazo da operação. E para o investidor, é crucial… Você vai ser sócio de algo que você não conhece?

 

3. Ejetar tardiamente

Uma vez perdido um grande volume, a pessoa retira o investimento feito. As ações se recuperam rapidamente e o prejuízo foi realizado. A retirada do dinheiro deve obedecer, também, alguma estratégia.

Outra vertente disso é não ejetar, ou seja, não deixar o stop atuar. O erroé começar a operação como trader e depois da perda ficar com a ação para longo prazo, virar investidor. Mesmo que dê certo, você está errando no princípio operacional. O ideal é você seguir sua estratégia… se a idéia original era ser investidor, ótimo ficar com o papel, desde que os motivos que o levaram a comprar ainda sejam válidos.

Os motivos que levam um trader a comprar um papel são de natureza diferente dos motivos que um investidor os compra, os horizontes de tempo são diferentes. Siga o seu plano original.

 

4. Tentar acertar o momento perfeito

É impossível acertar o momento correto. Existem técnicas que definem tempo de entrada, mas elas não fazem previsões, elas apenas procuram identificar a tendência e seguí-la. Falaremos mais sobre elas adiante.

Não se deixe enganar, ninguém tem bola de cristal!

O que existe é uma tendência, uma expectativa. Ninguém sabe se ela vai se confirmar em 3 meses ou 10 anos, nem o caminho que a bolsa irá fazer.

5. Tentar operar as notícias

O investidor (ou trader) busca ganhar tentando antecipar o movimento do mercado através da interpretação direta de uma notícia.

Isso falha com boa frequência e alimenta teorias conspiratórias e mitos de mercado. Algo como:

“Os grandes estão manipulando o mercado para fazer os pequenos perderem”,

ou algo similar.

Sinto informá-lo que os grandes provavelmente desconsideram sua existência. Se possuem alguma preocupação é com os outros grandes, ou com o vizinho que mesa. Gestores de grandes posições competem entre si e dentro da mesma empresa. Uma produtividade baixa em relação ao colega coloca sua emprego em perigo. Outra preocupação que possui é proteger seu portfólio das perdas.

Outro argumento que destrói essa teoria conspiratória é o seguinte fato:
“Cada investidor tem domínio sobre os seus botões de comprar e vender. Ninguém o obriga a vender, se o fez, foi porque decidiu assim”. Medo, ganância e indisciplina fazer você apertar o botão quando não deveria.

Voltando às notícias, os problemas de utilizá-las no curto prazo são dois.

O primeiro é que o fato (um balanço positivo, por exemplo) não é o suficiente. Deve ver como está o balanço em relação à expectativa do mercado.

O segundo é uma questão de propagação da notícia. Entre uma notícia nascer e se propagar passa por diversas pessoas. Os primeiros, se a utilizarem, poderão se beneficiar. Os últimos da fila, se a utilizarem, vão entregar dinheiro para os primeiros. Como você não sabe em que altura da fila você está, é melhor seguir sua estratégia inicial.

Isso não significa que as notícias não sejam importantes. Notícias são importantes para formar um ente de razão para o longo prazo. Para o curto prazo é mais provável que a informação circule bem antes entre os players maiores. Grandes players também possuem mais noção da expectativa do mercado do que você pode ter acessando a Internet.

 

6. Concentração da Carteira (Não diversificar)

Já discutimos isso em outra secção. Não vou repetir, mas vou relembrar. Deve-se diversificar entre setores que tenha dependência de variáveis econômicas diferentes. É uma preocupação tão mais importante quanto mais longa for a estratégia. Para o investidor é fundamental.

 

7. Buscar ganhos rápidos

Buscando ganhos rápidos, o investidor esquece que maiores retornos significam maiores riscos.

Após um início normalmente cauteloso, a alta volatilidade de alguns papéis, aliada a uma busca por rápidos ganhos, forma uma espécie de “canto da sereia”, atraindo investidores para operações e atitudes sem dar a devida atenção ao risco.
Isso se traduz, na prática, em uma concentração excessiva em poucos ações, na busca de empresas muito voláteis ou na procura de mercados com alta alavancagem. Nesse momento, a pessoa deixa de ser investidor – que vê a Bolsa como lugar para comprar participações societárias de empresas e lucrar como sócio – e passa a ser uma espécie de jogador – que vê a Bolsa como “Cassino”, lugar de fazer uma “fezinha”. Tal atitude não é boa para o bolso e a saúde.

Fico impressionado como as pessoas levam tempo para sair da renda fixa e começar na Bolsa. E levam pouco tempo para chegar a papéis de alta volatilidade, micos, opções e outras formas que se aproximar de uma lógica “dobra ou perde tudo”. A única certeza de uma lógica dobra ou perde tudo é que você perderá tudo alguma vez.

 

8. Não gerir o risco

Esse erro possui várias facetas. Uma delas é a ausência de diversificação, outra na escolha de papeis, outra na quantidade de dinheiro colocada. O certo é que muitas pessoas se expõe ao risco de forma descontrolada. Investir em Renda Variável sempre envolverá um aumento do risco.

Deve-se, então, estar ciente do grau de exposiçãoe, principalmente, evitar ser atraído para operações que oferecem grande rentabilidade: elas sempre terão um outro lado da moeda, que é um grande risco.

Se o mercado fosse perfeito, poderíamos dizer que não há mágica a fazer na relação risco-retorno. Ele não é perfeito, mas, em uma primeira simplificação, podemos considerar que as relações risco-retorno são fixas.

O que isso quer dizer? Isso significa que “não há almoço grátis” – uma verdade bem mais ampla que no contexto de bolsa. Toda a vez que aparecer uma grande possibilidade de ganho, pode estar seguro que deve haver algum risco escondido nas entrelinhas, nos cantos, nas dobras, no ângulo morto, nas letras pequenas.

E, a propósito, ganhos muito rápidos são grandes ganhos. Cuidado com eles.

 

9. Reações diferentes para perda e ganho

Muitos investidores iniciam a montagem de uma carteira de longo prazo, mas, por razões diversas, acabam não tendo a disciplina de continuar os aportes periódicos. Saindo da estratégia original, acabam sem rumo, sendo levados pelas ondas do mercado e acabam tomando ações precipitadas, erradas, não coerentes com o seu plano.

Não temos um comportamento uniforme entre ganhos e perdas. Temos a tendência a realizar rápido os ganhos e a segurar as perdas.

É muito comum investidores iniciarem comprando algumas ações. Destas, algumas sobem e outras caem. Para evitar a percepção de perda, fixam-se a regra de não vender com prejuízo.

Por outro lado, o medo de perder os pequenos ganhos já obtidos os impelem a vender rapidamente pequenos ganhos.

As ações acima podem ser parte de uma estratégia vencedora, depende de uma série de coisas. Entretanto, a união dessas duas regras os levará a uma carteira perdedora. Pior, a sensação inicial é de ganho. Vejamos como isso funciona.

Se você vai comprar e vender rápido, deve fazer o mesmo na perda, ou deve ir aportando continuamente dinheiro para reduzir o preço médio. Essas são estratégias distintas. A primeira é de curto prazo, a segunda é de longo prazo e pequenos aportes de cada vez. Misture-as, e em pouco tempo estará com problemas.

Veja que a essência do ganho em bolsa não é acertar mais que errar, mas perder menos quando “erra” do que o que ganha quando “acerta”.

 

10. Demora de entrar na Bolsa

Demora de entrar no mercado por medo ou por tentar esperar o momento perfeito. O investidor iniciante ouve uma série de mitos sobre o mercado, e seus riscos. Sobre os mitos, devemos conhecer os fatos reais. Sobre os riscos – sim, são reais – devemos aprender a gerenciá-los.

De qualquer forma, mitos e riscos mantém o interessado longe dessa forma de investimento. Muitos investidores passam bastante tempo “namorando” o mercado de ações, informando-se e entendendo-o – o que é muito bom.

A decisão de entrar na Bolsa, entretanto, demora. Pior que isso, muitas vezes o empurrão final que falta para a decisão é a presença de uma forte alta, de um momento bastante positivo no Mercado. A Entrada não vem de uma decisão racional e pensada, mas de um impulso por não querer “perder a oportunidade”.

A demora pode induzir o novo investidor a escolher o momento menos adequado – o final de um período de alta.

 

11. Comprar ações bem baratas, porque compra-se mais

Entendo que você possa se sentir mais acionista se comprar um milhão de ações a um centavo. Mas o ganho é proporcional ao dinheiro investido, não à quantidade de ações.
Pior, deve haver algum motivo para essa ação ser tão barata. Produtos baratos demais merecem uma atenção redobrada, mesmo fora da Bolsa. Então, olho vivo.
Isso é como o médico recomendar emagrecer para evitar prblemas de saúde a pessoa utilizar roupas com listras verticais, pois assim se sente e outros o veem como mais magro. Talvez engane as percepções das pessoas e a sua própria, mas não haverá impacto algum em sua saúde.

O que importa para ações é quanto ela sobe percentuamente e quanto dinheiro você pôs naquela ação. Então, tanto faz comprar R$ 1000,00 em uma ação que custe R$ 1000,00, ou comprar 1000 ações que custem R$ 1,00. se elas subirem 10%, você terá 1.100,00 am ambos os casos. As pessoas sabem disso, mas tem alguma sensação mais agradável quando possuem 1000 açoes do que possuir 1 apenas. Você não pode deixar se levar por essas emoções, deve valer a frieza dos números, pois é seu dinheiro.

Outros pensam que uma ação de R$ 1,00 não tem muito espaço para cair. Você deve,nessas horas, se perguntar porque as pessoas só estão dispostas a pagar R$ 1,00 por aquela ação – deve haver um motivo.

1 Thought.

  1. Muito bem. Senti falta desse tipo de orientação quando comecei a operar, me achava com toda sabedoria do mundo e só tomava ferro. Só depois, fui entender as razões. Parabéns pela publicação.

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